sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Dia do Psicologo - 27/08



Parabéns aos psicólogos, que há 43 anos no Brasil ajudam a todos resolverem seus problemas.


Psicólogo não adoece, somatiza.

Psicólogo não estuda, sublima.

Psicólogo não fofoca, transfere.

Psicólogo não conversa, pontua.

Psicólogo não fala, verbaliza.

Psicólogo não transa, libera libido.

Psicólogo não é indiscreto, é espontâneo.

Psicólogo não dá vexame, surta.

Psicólogo não tem idéias, tem insights.

Psicólogo não resolve problemas, fecha gestalts.

Psicólogo não pensa nisso, respira nisso.

Psicólogo não muda de interesse, muda de figura e fundo.

Psicólogo não pensa, abstrai.

Psicólogo não é gente, é um estado de espírito.


Uma visão comportamental das coisas:


Psicólogo não elogia, reforça.

Psicólogo não fica de mal, põe em extinção.

Psicólogo não troca as bolas, generaliza.

Psicólogo não dá toque, discrimina.

Psicólogo não puxa orelha, pune.

Psicólogo não dá exemplo, faz modelação.

Psicólogo não é sincero, é assertivo.

Psicólogo não seduz, faz aproximações sucessivas.

Psicólogo não surpreende, libera reforço interminente.

Psicólogo não finge, faz ensaio comportamental.

Psicólogo não sente, emite comportamentos encobertos.

Psicólogo não perde o medo, dessensibiliza.

Psicólogo não fica a perigo, sofre privação.

Psicólogo não é bacana, é reforçador.

Psicólogo não pega no pé, libera reforço contínuo.

Psicólogo não tem um medo du cacete, tem fobia.

Parabéns aos loucos que salvam diariamente milhões e milhões de seres-humanos que se desencantam com a vida!

- Como estou dirigindo? Me liga, beijos!


terça-feira, 26 de agosto de 2008

Um cigarro, dois anéis e uma montanha de devaneios.

Ao se dar conta que estava em um daqueles momentos mais importantes, ele estacionou o carro atrás de um carro vermelho, sentiu um embrulho no estomago e não conseguiu pensar em nada divertido, nada cômico, nada, nada. Ele só refletia na idéia de ter uma pessoa ao seu lado para a vida inteira. É um passo um tanto gigante para uma inexperiente na cláusula MATRIMONIO. Desceu do carro com seu óculos Ray-Ban de lentes laranja. Laranja por que era leão filho regente do sol, do mesmo sol das seis da tarde quando foi concebido a este mundo. É o mesmo sol das seis da tarde que ele vê todas as vezes que coloca seus óculos de lentes escuras e laranja. Ele sente uma paz, uma alegria, uma energia diferente. Mas nesta hora, neste exato minuto, nada estava à seu favor para um clima estável de tranqüilidade. Tudo estava tenso, mas estava alegre, tudo parecia agonizante, mas estava feliz, não parava de pensar nas coisas que uns dias atrás ouvira de sua companheira.

Atravessou a estreita Rua do Formigueiro, tirou do bolso a carteira de Marlboro-blue, azul porquê era suave, não agüentava mais o estridente gosto extremamente forte do vermelho, lhe causava culpa sempre que fumava, cuspindo pedaços pretos de seu pulmão ao léu. Tirou um cigarro e colocou na boca, procurou um isqueiro verde-cheguei, mas lembrou-se que havia perdido em algumas das valas que devia ter caído por aí. Voltou para o carro, pois se lembrara de uma caixa de fósforos que sempre deixava guardada no canteiro da porta do motorista. Acendeu o cigarro e foi para o canto da esquina, atrás, uma loja de celulares, onde se concentra perspectivas e desejos de consumo em massa por causa de um aparelho bobo que faz tudo o que uma câmera, telefone, rádio, GPS, mptrês-player, liquidificador, batedeira, forno a lenha, sensor pega - larapio e os Ca - ralho da bahia.

Tragava com força, pois estava assustado, devido às imensas dúvidas sobre o que seja assumir um compromisso de verdade, talvez porque estava magoado devido às tantas verdades que hora ouvira dela. Flashs que vinham com tanta força e rapidez, pequenas frases que impactam no coração de quem quer amar.

-Depois de todas essas loucuras que você me causa até perdi a admiração por você. Não sinto essa vontade de te querer todas as horas.

Ele pensara até numa hora que um banho de sal-grosso iria resolver todos seus problemas e tirar este lodo que compõe seu corpo. Mas sabia que nada disso iria adiantar para ela sentir-se atraída por ele novamente. Ele sabia que, parte de tudo que estava acontecendo ao seu redor era culpa sua. Ele é pegajoso, ciumento – mas – demonstra, roda a baiana quando se sente rejeitado na cama. E uma série de coisas que muitas mulheres suportariam, mas não deixariam passar em branco. Mas ela não, além de não suportar, jamais deixa nada passar em branco. E sempre tem uma resposta ríspida e rasteira na ponta da língua para deter seus momentos.
Pensou na única coisa boa que ouvira dela na noite passada:

-Não quero ser tua namoradinha. Quero dormir junto, poder ter as coisas e dizer que é nosso.

-Quero você ao meu lado.

Ele pensou, pensou, pensou, pensou, mas decidiu-se, e disse para si:

-Eu vou atravessar.

Lembrou de Cecília Meireles nesse momento que dizia:

“-Levai-me por onde quiserdes / aprendi com as primaveras a deixar-me cortar / e a voltar sempre inteira.”

O cigarro estava pela metade e a tensão não saia de sua cabeça, as vozes ecoavam de forma aleatória e contundente com tudo aquilo que jamais quis ouvir dela. Duas moças atravessam a rua, uma feia com seu um metro e cinqüenta e dois centímetros de altura, gorda, estava com sacolas de feira e franzindo a testa – com tanto sol assim no meio do equador, impossível não franzir a testa. A outra ao seu lado estava levemente bonita para não dizer “bonitinha”, pois a mesma estava com um boné parecendo uma frentista de posto de gasolina. Neste momento ele está olhando para baixo pensando com seus botões. - se o que valeria mais a pena, ir em frente e esperar no que vai dar ou esquecer tudo isso e ter uma nova vida. Ele não soube responder nada para si, absolutamente nada, porque estava um nada, tudo um nada, um zero, completo nada. A moça levemente bonita passou ao seu lado encarando-o e ele estava de óculos escuros e, portanto viu o olhar dela, como quem quer dizer alguma coisa:

-Olhe para mim, estou te encarando, porque achei você atraente demais, quero te levar para minha casa e dar um colo capaz de esquecer todos seus problemas no mundo. Desceu do meio-fio para rua, esperou os carros e os ônibus passarem, ao chegar ao seu destino que estava do outro lado, chegou mais perto e percebeu que o local estava fechado. Ficou chateado, um tanto desmotivado, mas seguiu em frente e disse:

-Deve ter outra joalheria mais perto que não feche para o almoço.

Deu uma ultima tragada e expulsou o cigarro com o polegar e o médio para bem longe. Andou duas quadras e viu a loja. Uma tímida joalheria, pequena e com tudo o que ele precisara no momento. Entrou de forma discreta, percebeu que só havia duas mulheres, uma delas era a “^-Bruxa-de-Salem-^” que o encarava, esperando uma troca de olhares, ela era irmã gêmea da “^-Princesa-da-tua-vida-^” uma antiga amiga de internet da qual sempre rendia boas conversas com ele. Ela de imediato o reconheceu pelos seus fortes traços e por causa das fotos dele que a irmã tinha no computador de sua casa, só o que ela não entendia era porque ele havia cortado um cabelo tão bonito como o dele. Ele sabia quem era a garota, mas não deu bola, estava focado demais para ficar relembrando do museu de pessoas que ficaram no esquecimento. Tirou os óculos e sentiu o peso da luz sem o ar laranja na vida, foi diretamente à outra moça e perguntou:

-Anel de noivado, por favor.

-Pois não. A moça respondeu.

A “^-Bruxa-de-Salem-^” ao ouvir, desviou o olhar e tornou-se a ler a revista, que deveria ser a Titi que sempre é famosa por ser A Estraga – Prazer das telenovelas brasileiras, adiantando a todos os leitores os capítulos que ainda nem foram lançados. Acaba com o mistério!

Ela trouxe um pequeno mostruário contendo as alianças, uma mais linda que a outra. Ele logo pensou, na felicidade que seria pedi-la em casamento num jantar formal na casa da família dela com a bênção de sua mãe e com a presença de todos os seus irmãos, todos com largos sorrisos, desejando a felicidade eterna para o casal. Pensou nos momentos que dividiriam, nos filhos um dia irão ter, as brincadeiras de família, o sexo com reconhecimento total do corpo e do toque, sabendo estrategicamente aonde tocar e aonde beijar para que ela sempre goze e chegue ao prazer antes dele.

O gorila resolveu descansar e saiu de seus ombros, sentiu-se mais leve e muito feliz só de pensar que estava a poucos passos de estar comprometido com a mulher mais fascinantemente – linda – geniosa - inteligente – problemática deste mundo. Viu a aliança – perfeita que os uniria para todo sempre - mesmo que esse sempre, sempre acaba. Viu que o tamanho masculino era um pouco maior, e percebeu logo o quanto sua mão é um tanto femínea. Sentiu-se triste também porque ainda não tinha o dinheiro suficiente para comprá-las. E logo disse:

-Esse tamanho aqui não é o meu, precisaria de um menor.

-Não tem problema, podemos reduzi-la. Ela disse.

-Hum, você pode guardá-la desde já para mim?

-Volto dentre de alguns dias para trazer o molde com os tamanhos dos anéis que preciso.

Colocou os óculos e saiu da loja, pensando naquele maravilhoso anel que os uniria. Ele teve certeza de que aquilo era a coisa certa a se fazer, sentiu-se feliz e revigorado sem gorila nenhum nas costas. Atravessou todas as quadras sem vontade nenhuma de acender nenhum cigarro, sentiu vontade de contar a todos o que acabara de decidir. Queria contar para ela que já tinha visto algumas alianças – perfeitas a união deles.
Mas pressentiu que não seria legal e logo pensou que deveria ficar tudo em segredo, pois tudo que é misterioso torna-se mais belo.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

O mau elemento.

De Tati Bernardi.

Eu olho pra sua tatuagem e pro tamanho do seu braço e pros calos da sua mão e acho que vai dar tudo certo. Me encho de esperança e nada. Vem você e me trata tão bem. Estraga tudo. Mania de ser bom moço, coisa chata. Eu nunca mais quero ouvir que você só tem olhos pra mim, ok? E nem o quanto você é bom filho. Muito menos o quanto você ama crianças. E trate de parar com essa mania horrível de largar seus amigos quando eu ligo. Colabora, pô. Tá tão fácil me ganhar, basta fazer tudo pra me perder. E lá vem ele dizer que meu cabelo sujo tem cheiro bom. E que já que eu não liguei e não atendi, ele foi dormir. E que segurar minha mão já basta. E que ele quer conhecer minha mãe. E que viajar sem mim é um final de semana nulo. E que tudo bem se eu só quiser ficar lendo e não abrir a boca. Com tanto potencial pra acabar com a minha vida, sabe o que ele quer? Me fazer feliz. Olha que desgraça. O moço quer me fazer feliz. E acabar com a maravilhosa sensação de ser miserável. E tirar de mim a única coisa que sei fazer direito nessa vida que é sofrer. Anos de aprimoramento e ele quer mudar todo o esquema. O moço quer me fazer feliz. Veja se pode. E aí passa a maior gostosa na rua e ele lá, idolatrando meu nariz. E aí o celular dele toca e ele, putz, perdeu a ligação porque demorou trinta mil horas pra desvencilhar os dedos do meu cabelo. Com tanto potencial pra me dar uns tapas, o moço adora me fazer carinho com a ponta dos dedos. Não dá, assim não dá. Deveria ter cadeia pra esse tipo de elemento daninho. Pior é que vicia. Não é que acordei me achando hoje? Agora neguinho me trata mal e eu não deixo. Agora neguinho quer me judiar e eu mando pastar. Dei de achar que mereço ser amada. Veja se pode. Trinta anos servindo de capacho, feliz da vida, e aí chega um desavisado com a coxa mais incrível do país e muda tudo. Até assoviando eu tô agora. Que desgraça. Ontem quase, quase, quase ele me tratou mal. Foi por muito pouco. Eu senti que a coisa tava vindo. Cruzei os dedos. Cheguei a implorar ao acaso. Vai, meu filho. Só um pouquinho. Me xinga, vai. Me dá uma apertada mais forte no braço. Fala de outra mulher. Atende algum amigo retardado bem na hora que eu tava falando dos meus medos. Manda eu calar a boca. Sei lá. Faz alguma coisa homem! E era piada. Era piadinha. Ele fez que tava bravo. E acabou. Já veio com o papo chato de que me ama e começou a melação de novo. Eita homem pra me beijar. Coisa chata. Minha mãe deveria me prender em casa, me proteger, sei lá. Onde já se viu andar com um homem desses. O homem me busca todas as vezes, me espera na porta, abre a porta do carro. Isso quando não me suspende no ar e fala 456 elogios em menos de cinco segundos. Pra piorar, ele ainda tem o pior dos defeitos da humanidade: ele esqueceu a ex namorada. Depois de trinta anos me relacionando só com homens obcecados por amores antigos, agora me aparece um obcecado por mim que nem lembra direito o nome da ex. Fala se tão de sacanagem comigo ou não? Como é que eu vou sofrer numa situação dessas? Como? Me diz? Durmo que é uma maravilha. A pele está incrível. A fome voltou. A vida tá de uma chatice ímpar. Alguém pode, por favor, me ajudar? Existe terapia pra tentar ser infeliz? Outro dia até me belisquei pra sofrer um pouquinho. Mas o desgraçado correu pra assoprar e dar beijinho.


Tati Bernardi é cronista do Blônicas.

Poços e núvens por Caio Fernando Loureiro de Abreu...

  • "Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso.A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão."
  • "Ah, fumarás demais, beberás em excesso, aborrecerás todos os amigos com tuas histórias desesperadas, noites e noites a fio permanecerás insone, a fantasia desenfreada e o sexo em brasa, dormirás dias adentro, noites afora, faltarás ao trabalho, escreverás cartas que não serão nunca enviadas, consultarás búzios, números, cartas e astros, pensarás em fugas e suicídios em cada minuto de cada novo dia, chorarás desamparado atravessando madrugadas em tua cama vazia, não consegurás sorrir nem caminhar alheio pelas ruas sem descobrires em algum jeito alheio o jeito exato dele, em algum cheiro estranho o cheiro preciso dele(...)"




ps: poços e núvens é uma sessão que dedico ás máximas de grandes autores

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Nada como a sensibilidade masculina.....

Três mulheres muito amigas, uma noiva, uma casada e uma amante, estavam conversando sobres seus relacionamentos e decidiram agradar seus homens. Naquela noite, todas as três iriam testar a sensualidade e o poder que exerciam sobre os companheiros, usando corpete de couro, máscara nos olhos e botas de cano alto.

Após alguns dias, elas tornaram a se encontrar e cada uma relatou a sua experiência.

Disse a noiva:

- Naquela noite, quando meu namorado chegou em casa, encontrou-me usando o corpete de couro, botas com 12cm de salto e máscara sobre os olhos.

Ele me olhou intensamente e disse: ' Você é amulher da minha vida, eu te amo'. Então fizemos amor a noite inteira.

A amante contou a sua versão:

- Ah, comigo também foi parecido.

Naquela noite encontrei meu amante no escritório. Estava usando um corpete de couro, mega salto, máscara sobre os olhos e mais nada!

Usava uma capa de chuva para cobrir meu corpo. Quando eu abri a capa, ele não disse nada... seus olhos me devoraram...me agarrou e tivemos sexo a noite toda.

E aí a casada contou a sua história:

- Naquela noite eu mandei as crianças para a casa da minha mãe.

Arrumei-me como combinado: corpete de couro, super saltos, máscara sobre os olhos.

Então, resolvi incrementar o visual, aproveitei para inaugurar um perfume novo e um batom vermelho que nunca tinha usado antes.

Lembrei-me de um comentário que meu marido fez sobre a sensualidade da roupa íntima preta e coloquei a que acabara de comprar... Um fio dental com um lacinho de cetim em ponto estratégico.

Quando meu marido chegou do trabalho, abriu a porta e me encontrou em pé no meio do quarto fazendo caras e bocas.

Olhou-me de cima abaixo e disse:

'- E aí, Batman, oque temos para o jantar?'.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Amor..

Palavra cara
No uso que dão, sem pensar.
Tal quão se torna rara!!

Amor?
Não é só amar.
Não é por um motivo, razão ou circunstância!!

Amar é querer estar!!!
Desmensuradamente ligados por um único fio de comunicação invisível.
Onde as retóricas e longas "D.R's" são ínfimas perto de um simples olhar!

É um desejo, uma vontade.
Não é sorte, nem azar.
Onde não a ganhador e nem perdedor.

Não é fogo que arde sem se ver!!
Nem nasce a primeira vista.
É onde dois se jogam como o bêbado e o equilibrista!!!

Amor é ser...
Amor é dar...
Amor é rir...
Amor é pensar...
Amor é, e sempre será amor!

É esperar e desesperar!
É ter e não poder tocar,
É ver e não olhar,
Amor é dar, sem pensar em receber!

É não ir sem avisar,
Amor é vir sem perguntar,
ficar e não voltar.
É dizer sem pensar.
Sem mal-dizer...
Amor não para,
É andar em linha reta
Sem destino onde chegar,
Sem um rumo a seguir,
Senão amar!

Amor é, gostar!
Discutir sem magoar,
Criticar sem ofender!
Amor é fazer sem pensar.
É querer e não poder,
É pensar em não querer,
E só querer pensar!


Amor é não ter e procurar
Perder e encontrar.
Amor é guardar!
Escrever e recordar,
Reviver e repartir
Amor é recordar e rir!
É entrar e não sair,
Ouvir sem interromper,
Escutar e dar valor.
Amor… é ver!
É venerar!
Estar presente e adorar!
Amor é beijar, falar
E é também chorar!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Benett


Rá!

Uma mesa de 20mg.

De Giovana Madalosso.

Houve um tempo em que uma mesa de bar era formada por um comunista, um liberal, um existencialista e um niilista. Sento no boteco e olho ao meu redor: estou no meio de um bipolar, uma obsessiva-compulsiva, uma depressiva, um maníaco e uma amiga que se diz normal, muito normal, mas tem dez saquinhos de açúcar picotados à sua frente.
Se na velha mesa o assunto era o barbudo fumador de charutos, aqui também, só que aquele atendia por Fidel, e este, por Freud. Não há uma bunda nessa mesa que nunca tenha sentado num divã ou defecado algum resíduo de tarja preta, nem que tenha sido um lexontanzinho básico, tomado com o inocente intuito de curar um chifre ou uma demissão de emprego.
A desenvoltura com o tema é impressionante. Recomendam psiquiatras como se recomendassem restaurantes, analisando atendimento, preço e até localização, que a obssesiva-compulsiva julga ser fundamental, pois se acabar o remédio ela pode pegar a receita em cinco minutos e ir correndo para a farmácia. Ou melhor, saltitando, já que moça só consegue andar na parte preta da calçada. O bipolar concorda e conta que, graças à sua enfermidade, já ganhou do programa de recompensas da farmácia um liquidificador, uma batedeira e uma centrífuga; mais um pouco e tem um enxoval completo, o que não quer dizer muita coisa, já que ele também é gamofóbico (para os leigos: tem fobia de casamento).
A depressiva pede para mudar de assunto, pois seu diagnóstico é justamente a depressão pós-término. Depressão pós-quê? No meu tempo isso se chamava fossa e o tratamento consistia em chorar uma semana ao som de Gal Costa e depois sair dando para Deus e todo mundo, mas agora, com tanta alopatia por aí, quem precisa tirar a roupa e sair se divertindo para esquecer o ex?
Lembro com saudades do tempo em que eu perguntava aos meus amigos se eles tinham alguma parada e eles me passavam um baseadinho. O que recebo agora é uma fluoxetina, seguido de um "experimenta, a onda é boa, e você nem precisa se esconder no banheiro". E eu lá preciso de remédio? Precisa sim, querida, uma pessoa que come todos os pastéis da mesa e depois chupa o caroço da azeitona só pode estar sofrendo de ansiedade crônica.
Não sei se estamos mais doentes, mais diagnosticados ou os dois. O que sei é que estamos mais individualistas e patologicamente corretos. Ninguém vai sair fazendo barricadas ou quebrando guitarras no palco, afinal esses são atos de violência gratuita, coisa de gente não analisada.
Folgo em saber que nossos heróis não vão morrer de overdose, só espero que não morram de letargia.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

A despedida!

Na segunda às 12hrs em diante .
A notícia da partida veio com gostinho amargo de um limão chupado, trazendo consigo terríveis sensações de azedo no ar que pairou sobre mim.
Um cigarro letrado aqui, outros dês-letrados acolá, fumamos com desesperação este câncer que no pós-ápice, nos alegra com toque nítido de satisfação com direito a brilho nos olhos, um sorriso aparente com uma labuta esteticamente vigente e os cabelos emaranhados, com alguns espalhados pela cama e chão.
Minha cabeça se enleara demais após tal notícia de tamanha proporção.
Íamos nos separar de fato.
Já ficamos separados algumas vezes, mas era cedo ainda para sentir um disparate – condicionado – inatamente, codinome: SAUDADE.
Tento me concentrar só nela, ali, deitada na cama, com uma falsa seriedade, a tentar encobrir o seu lindo sorriso, pronta para fazer tudo o que eu quisera.
E ela começa a falar algumas coisas que eu me esforcei a compreender e tudo saia como um blábláblá sem decodificação alguma, igual a um episódio do Homer Simpson a admoestar o cachorro da casa por uma travessura que fez. E na visão do cachorro, Homer gesticulava com um tom de pura fúria repetindo freneticamente:
- Blábláblá, Blábláblá, Blábláblá, Blábláblá.
E agora que já existe uma história a se contar sobre nós, torna tão difícil compreender a individualidade de cada um e saber a dor que é estar longe do amado. Jamais tive um romance regado de coisas irresponsáveis com responsabilidade e planos na base da razão-emoção de ser feliz da melhor forma possível.
A beijo de um jeito ardente com aquele olhar que mulher nenhuma negue tal fogo. Mas sei muito bem que daqui a pouco deixá-la-ei passar por aquela porta deixando um ar blasé “fudido” que revelando um tédio e uma indiferença demasiada suficiente para ir à frente do computador e escolher a melhor seleção de pagode que contenha a letra “saudade” como titulo para me verter entre lagrimas e postar no fotolog minha cara de choro e as olheiras do zorro com uma letra bem tocante no campo do texto para que todos sintam a magnitude que é meu sofrer ou posso ouvir Fever do Starsailor com uma “chapação homérica” em larga escala com muito Valium e Vodka, deitado de peito pra cima, encima do coxim da qual ela sempre gosta de pôr sua cabeça para ganhar um cafuné. Achei melhor a segunda opção, por ter um pouco de privacidade com meu desespero e porque pagode, assim pagode é, enfim, prefiro não comentar, mas é sempre bom pensar na parte ridícula - sofrer.
Por entre minutos fielmente contados devido às obrigações do dia-a-dia, nos deliciamos com o que podemos nos proporcionar de melhor. A domino de todos os sentidos na cama, faço-a me arranhar todo, me estapear com grunhidos (afinal, somos porcos e/ou chauvinistas em peso, proporção: toneladas) de tesão. Gozamos como sempre maravilhosamente bem sempre deixando um ar de canseira e vontade de repetir se caso tivesse um pouco mais de energia sobrando.
Já é 12h40min e ainda não almocei e minha barriga em coro com as vermes e lombrigas, rugem rebelados dizendo:
-QUEREMOS COMIDA, QUEREMOS COMIDA, QUEREMOS COMIDA!
E alguns zunzunzuns e ruídos desconcertantes fez-se a prosar no meu estomago.
Almoçamos e fumamos novamente, fomos arrumar as coisas dela, pois ela partiria às 02h:00min. E no embalo do ar pensativo e chateado pela vida injusta, penso o quanto terei que suportar o disparate – condicionado - inatamente, vejo um céu todo negro, as flores secas, mortas - tudo morto – demasiadamente falecido e vejo os buracos das ruas que nunca somem, sinto um aperto tão enorme por ajudá-la a arrumar tudo, deixar tudo separado, xampu – condicionador - sabonete líquido de um lado, hidratantes – perfumes – desodorante do outro, as roupas, as calcinhas maravilhosamente ardentes que sempre faço questão de comprar, minha sentença. Tudo arrumado, ela não se esqueceu de nada, pegou tudo que era dela, deixando a prateleira do banheiro com um toque grosseiro de masculinidade só com as minhas coisas e nada mais.
Guardamos as bagagens na mala do carro, fechamos em sincronia com um breve olhar e um sorriso tímido com clima tenso.
Entro no carro e a aflição com os batimentos cardíacos vão aumentando, quero falar, mas acho que não seria um bom momento, estou dirigindo e fumando, fazer três coisas de uma só vez, só mulher mesmo, mulher – maluca é pleonasmo, já dissera, mas ninguém põe fé no que penso, tudo bem, se ferrem ai.
Chegamos ao destino aonde ela desceria e iria dar continuidade a seu destino longe mim. O coração palpita a sair pela boca, mas faço uma massagem no pescoço para que ele volte e desça e porque eu preciso relaxar para falar tudo o que quero, e começo a perguntar:

ELE: E quando você volta?
ELA: Acho que na quinta de manhã ou à tarde, não sei, vai depender do motorista da secretária.
ELE: Tudo isso?
ELA: Égua, caralho, eu já tinha falado isso, mas você parece que anda um tanto aéreo.
ELE: Tudo isso?
ELE: Porra!
ELA: É amor, é trabalho né!
ELE: E eu e as crianças? Como ficaremos sem a única mulher da nossa vida.
ELA: Poxa amor, relaxa, já deixei tudo preparado, você só faz colocar a vasilha no microondas, esquentar e servir pros meninos, já a roupa, é só separar o colorido do branco, sem exagerar no sabão e colocando uma dose extra de amaciante.
ELA: Tá? Jah é?
ELE: Jah!
ELE: Poxa meu bem, assim que você chegar lá, me liga, ta? Te amo gordienha!

sábado, 2 de agosto de 2008

O único grande mistério é a diferença sexual

Por Arnaldo Jabor

Está rolando na internet um texto ridículo sobre "mulheres" atribuído a mim. Sou uma besta, todos o sabem; mas não chego a esse relincho lamentável do asno que o escreveu. Diz coisas como: "A mulher tem um cheirinho gostoso, elas sempre encontram um lugarzinho em nosso ombro..." Uma bosta, atribuída a mim. Toda hora um idiota me copia e joga na rede. Por isso, vou falar um pouco de mulher, eu que mal as entendo na vida. Não falarei das coxas e seios e bumbuns... Falo de uma aura mais fluida que as percorre.

Gosto do olhar de onça, parado, quando queremos seduzi-las, mesmo sinceramente, pois elas sabem que a sinceridade é volúvel, não perdura. Um sorriso de descrédito lhes baila na boca quando lhe fazemos galanteios, mas acreditam assim mesmo, porque elas querem ser amadas, muito mais que desejadas. Elas estão sempre fora da vida social, mesmo quando estão dentro. Podem ser as maiores executivas, mas seu corpo lateja sob o tailleur e lá dentro os órgãos estranham a estatística e o negócio. Elas querem ser vestidas pelo amor. O amor para elas é um lugar onde se sentem seguras, protegidas.

O termômetro das mulheres é: "Estou sendo amada ou não? Esse bocejo, seu rosto entediado... será que ele me ama ainda?" A mulher não acredita em nosso amor. Quando tem certeza dele, pára de nos amar. A mulher precisa do homem impalpável, impossível. As mulheres têm uma queda pelo canalha. O canalha é mais amado que o bonzinho. Ela sofre com o canalha, mas isso a justifica e engrandece, pois ela tem uma missão amorosa: quer que o homem a entenda, mas isso está fora de nosso alcance. A mulher pensa por metáforas. O homem, por metonímias. Entenderam? Claro que não. Digo melhor, a mulher compõe quadros mentais que se montam em um conjunto simbólico sem fim, como a arte. O homem quer princípio, meio e fim. Não estou falando da mulher sociológica, nem contemporânea, nem política. Falo de um sétimo órgão que todas têm, de um ¿ponto g¿ da alma.

Mulher não tem critério; pode amar a vida toda um vagabundo que não merece ou deixar de amar instantaneamente um sujeito devoto. Nada mais terrível que a mulher que cessa de te amar. Você vira um corpo sem órgãos, você vira também uma mulher abandonada.

Toda mulher é "Bovary"... e para serem amadas, instilam medo no coração do homem... Carinhosas, mas com perigo no ar. A carinhosa total entedia os machos... ficam claustrofóbicos. O homem só ama profundamente no ciúme. Só o corno conhece o verdadeiro amor. Mas, curioso, a mulher nunca é corna, mesmo abandonada, humilhada, não é corna. O homem corneado, carente, é feio de ver. A mulher enganada ganha ares de heroína, quase uma santidade. É uma fúria de Deus, é uma vingadora, é até suicida. Mas nunca corna. O homem corno é um palhaço. Ninguém tem pena do corno. O ridículo do corno é que ele achava que a possuía. A mulher sabe que não tem nada, ela sabe que é um processo de manutenção permanente. O homem só vira homem quando é corneado. A mulher não vira nada nunca. Nem nunca é corneada... pois está sempre se sentindo assim... Como no homossexualismo: a lésbica não é veado.

A mulher é poesia. O homem é prosa. Isso não quer dizer que mulher seja do bem e o homem, do mal. Não. Muita vez, seus abismos são venenosos, seu mistério nos mata. A mulher quer ser possuída, mas não só no sexo, tipo ¿me come todinha¿. Falam isso no motel, para nos animar. O homem é pornográfico; a mulher é amorosa. A pornografia é só para homens. A mulher quer ser possuída em sua abstração, em sua geografia mutante, a mulher quer ser descoberta pelo homem para ela se conhecer. Ela é uma paisagem que quer ser decifrada pelas mãos e bocas dos exploradores. Ela não sabe quem é. Mas elas também não querem ser opacas, obscuras. Querem descobrir a beleza que cabe a nós revelar-lhes. As mulheres não sabem o que querem; o homem acha que sabe. O masculino é certo; o feminino é insolúvel. O homem é espiritual e a mulher é corporal. A mulher é metafísica; homem é engenharia. A mulher deseja o impossível; desejar o impossível é sua grande beleza. Ela vive buscando atingir a plenitude e essa luta contra o vazio justifica sua missão de entrega. Mesmo que essa "plenitude" seja um living bem decorado ou o perfeito funcionamento do lar. O amor exige coragem. E o homem... é mais covarde. O homem, quando conquista, acha que não tem mais de se esforçar e aí, dança...

A mulher é muito mais exilada das certezas da vida que o homem. Ela é mais profunda que nós. Ela vive mais desamparada e, no entanto, mais segura. A vida e a morte saem de seu ventre. Ela faz parte do grande mistério que nós vemos de fora, com o pauzinho inerme. Ela tem algo de essencial, tem algo a ver com as galáxias. Nós somos um apêndice.

Hoje em dia, as mulheres foram expulsas de seus ninhos de procriação, de sua sexualidade passiva, expectante, e jogadas na obrigação do sexo ativo e masculino. A supergostosa é homem. É um travesti ao contrário. Alguns dizem que os homens erigiram seus poderes e instituições apenas para contrariar os poderes originais bem superiores da mulher

As mulheres sofrem mais com o mal do mundo. Carregam o fardo da dor histórica e social, por serem mais sensíveis e mais fracas. Os homens, por serem fálicos, escamoteiam a depressão e a consciência da morte com obsessões bélicas, financeiras ou políticas. As mulheres agüentam firmes a dor incompreendida. O mundo está tão indeterminado que está ficando feminino, como uma mulher perdida: nunca está onde pensa estar. O mundo determinista se fracionou globalmente, como a mulher. Mas não é o mundo delicado, romântico e fértil da mulher; é um mundo feminino comandado por homens boçais. Talvez seja melhor dizer um mundo-travesti. O mundo hoje é travesti.

Ronald Rony em