terça-feira, 5 de agosto de 2008

A despedida!

Na segunda às 12hrs em diante .
A notícia da partida veio com gostinho amargo de um limão chupado, trazendo consigo terríveis sensações de azedo no ar que pairou sobre mim.
Um cigarro letrado aqui, outros dês-letrados acolá, fumamos com desesperação este câncer que no pós-ápice, nos alegra com toque nítido de satisfação com direito a brilho nos olhos, um sorriso aparente com uma labuta esteticamente vigente e os cabelos emaranhados, com alguns espalhados pela cama e chão.
Minha cabeça se enleara demais após tal notícia de tamanha proporção.
Íamos nos separar de fato.
Já ficamos separados algumas vezes, mas era cedo ainda para sentir um disparate – condicionado – inatamente, codinome: SAUDADE.
Tento me concentrar só nela, ali, deitada na cama, com uma falsa seriedade, a tentar encobrir o seu lindo sorriso, pronta para fazer tudo o que eu quisera.
E ela começa a falar algumas coisas que eu me esforcei a compreender e tudo saia como um blábláblá sem decodificação alguma, igual a um episódio do Homer Simpson a admoestar o cachorro da casa por uma travessura que fez. E na visão do cachorro, Homer gesticulava com um tom de pura fúria repetindo freneticamente:
- Blábláblá, Blábláblá, Blábláblá, Blábláblá.
E agora que já existe uma história a se contar sobre nós, torna tão difícil compreender a individualidade de cada um e saber a dor que é estar longe do amado. Jamais tive um romance regado de coisas irresponsáveis com responsabilidade e planos na base da razão-emoção de ser feliz da melhor forma possível.
A beijo de um jeito ardente com aquele olhar que mulher nenhuma negue tal fogo. Mas sei muito bem que daqui a pouco deixá-la-ei passar por aquela porta deixando um ar blasé “fudido” que revelando um tédio e uma indiferença demasiada suficiente para ir à frente do computador e escolher a melhor seleção de pagode que contenha a letra “saudade” como titulo para me verter entre lagrimas e postar no fotolog minha cara de choro e as olheiras do zorro com uma letra bem tocante no campo do texto para que todos sintam a magnitude que é meu sofrer ou posso ouvir Fever do Starsailor com uma “chapação homérica” em larga escala com muito Valium e Vodka, deitado de peito pra cima, encima do coxim da qual ela sempre gosta de pôr sua cabeça para ganhar um cafuné. Achei melhor a segunda opção, por ter um pouco de privacidade com meu desespero e porque pagode, assim pagode é, enfim, prefiro não comentar, mas é sempre bom pensar na parte ridícula - sofrer.
Por entre minutos fielmente contados devido às obrigações do dia-a-dia, nos deliciamos com o que podemos nos proporcionar de melhor. A domino de todos os sentidos na cama, faço-a me arranhar todo, me estapear com grunhidos (afinal, somos porcos e/ou chauvinistas em peso, proporção: toneladas) de tesão. Gozamos como sempre maravilhosamente bem sempre deixando um ar de canseira e vontade de repetir se caso tivesse um pouco mais de energia sobrando.
Já é 12h40min e ainda não almocei e minha barriga em coro com as vermes e lombrigas, rugem rebelados dizendo:
-QUEREMOS COMIDA, QUEREMOS COMIDA, QUEREMOS COMIDA!
E alguns zunzunzuns e ruídos desconcertantes fez-se a prosar no meu estomago.
Almoçamos e fumamos novamente, fomos arrumar as coisas dela, pois ela partiria às 02h:00min. E no embalo do ar pensativo e chateado pela vida injusta, penso o quanto terei que suportar o disparate – condicionado - inatamente, vejo um céu todo negro, as flores secas, mortas - tudo morto – demasiadamente falecido e vejo os buracos das ruas que nunca somem, sinto um aperto tão enorme por ajudá-la a arrumar tudo, deixar tudo separado, xampu – condicionador - sabonete líquido de um lado, hidratantes – perfumes – desodorante do outro, as roupas, as calcinhas maravilhosamente ardentes que sempre faço questão de comprar, minha sentença. Tudo arrumado, ela não se esqueceu de nada, pegou tudo que era dela, deixando a prateleira do banheiro com um toque grosseiro de masculinidade só com as minhas coisas e nada mais.
Guardamos as bagagens na mala do carro, fechamos em sincronia com um breve olhar e um sorriso tímido com clima tenso.
Entro no carro e a aflição com os batimentos cardíacos vão aumentando, quero falar, mas acho que não seria um bom momento, estou dirigindo e fumando, fazer três coisas de uma só vez, só mulher mesmo, mulher – maluca é pleonasmo, já dissera, mas ninguém põe fé no que penso, tudo bem, se ferrem ai.
Chegamos ao destino aonde ela desceria e iria dar continuidade a seu destino longe mim. O coração palpita a sair pela boca, mas faço uma massagem no pescoço para que ele volte e desça e porque eu preciso relaxar para falar tudo o que quero, e começo a perguntar:

ELE: E quando você volta?
ELA: Acho que na quinta de manhã ou à tarde, não sei, vai depender do motorista da secretária.
ELE: Tudo isso?
ELA: Égua, caralho, eu já tinha falado isso, mas você parece que anda um tanto aéreo.
ELE: Tudo isso?
ELE: Porra!
ELA: É amor, é trabalho né!
ELE: E eu e as crianças? Como ficaremos sem a única mulher da nossa vida.
ELA: Poxa amor, relaxa, já deixei tudo preparado, você só faz colocar a vasilha no microondas, esquentar e servir pros meninos, já a roupa, é só separar o colorido do branco, sem exagerar no sabão e colocando uma dose extra de amaciante.
ELA: Tá? Jah é?
ELE: Jah!
ELE: Poxa meu bem, assim que você chegar lá, me liga, ta? Te amo gordienha!

Nenhum comentário: